Ensino a distância abre espaço para empreendedores
Valor Econômico 27 Dec 2018Educação Martha Funke
O crescimento do ensino a distância (EAD) no país criou nova oportunidade para quem quer empreender no ramo de educação com estruturas mais enxutas. A Estácio, por exemplo, conta com parceiros para fornecer estrutura local, processo logístico, captação e atendimento ao aluno, com aulas e conteúdos produzidos pela universidade e disponibilizados por ferramentas online.
O interessado prepara laboratório de informática para provas semestrais e oferece wi-fi para área de estudos. Todas as atividades são on-line, incluindo simulações em ambientes virtuais para disciplinas como química e outras. A instituição criou o modelo em 2009, mas a flexibilidade da regulamentação pelo Ministério da Educação em 2017 acelerou a expansão, já que agora as instituições podem abrir polos sem visita prévia da comissão de avaliação.
O número é definido pelo conceito da instituição. No caso da Estácio, o conceito 4 permite autonomia para abertura de até 350 polos por ano. Até o ano passado, eram 150 polos em atuação. Em 2018, o número saltou para 506, com 420 municípios cobertos. Os parceiros respondem por 423 unidades, em 311 municípios, detalha Adriano Pistore, vice-presidente de ensino à distância da Estácio.
Entre 20% e 35% da mensalidade paga pelo aluno fica com o parceiro. O investimento na infraestrutura para um polo de pequeno porte, para atender entre 300 e 400 alunos, fica em torno de R$ 70 mil. “Hoje temos 212 mil alunos em EAD e destes, cerca de 100 mil são atendidos pelos parceiros”, diz Pistore. No total, a Estácio conta com mais de 500 mil alunos matriculados em todo o país.
Parceira da escola em Minas Gerais, Regina Atheniense aposta no modelo desde 2007, então em parceria com o extinto COC para cursos pré-vestibulares. Com a aquisição do grupo pela Estácio, a oferta migrou para cursos superiores e outros. Até 2017, ela mantinha apenas um polo em Betim, com 30 computadores e cerca de 700 alunos. Mas vai fechar 2018 com oito unidades menores em operação, com investimento médio de R$ 80 mil em cada. A meta é alcançar 2 mil alunos no ano que vem, antecipa.
Já o Centro de Desenvolvimento Técnico (Cedtec) aposta em EAD para cursos técnicos. A rede criada em 2003 no Espírito Santo conta com três unidades próprias para ensino médio presencial e cursos técnicos apoiados por EAD. O modelo surgiu com atualização da legislação estadual permitindo a modalidade a partir de 2013.
Depois de criar o sistema de ensino, com plataforma tecnológica, conteúdo, vídeo aulas, apostilas e tutores, a escola passou a captar parceiros para expansão e hoje atende 6 mil alunos. A perspectiva para este ano é chegar a 100 parceiros, que ficam com metade do valor de cada mensalidade.
Segundo o fundador da rede, Braz Antonio Pertel, como a legislação estadual exige 30% de aulas presenciais, o parceiro responde pela estrutura física, com formato de laboratórios definidos pela franqueadora, e pela contratação de professores para os cursos escolhidos — mecânica, automação, eletrotécnica, edificações, segurança do trabalho, administração, contabilidade, logística e meio ambiente, com duração entre 800 e 1,2 mil horas. “Dos 82 parceiros da rede, 30 oferecem a grade completa”, diz ele, que já está de olho nas possibilidades de avançar sobre o ensino médio tão logo sejam definidas as regras para emprego de EAD no segmento.
A escola de idiomas Dank também aposta em franquias EAD. Neste caso, com modelo de escola móvel, graças ao método criado pela professora e empresária Mariza Gottdank com material digital e impresso idêntico que, com base em compartilhamento de telas oferecido por plataformas como Skype, permite ao franqueado oferecer aulas em qualquer lugar, seja em casa, empresas ou até em um café. A taxa de franquia vale R$ 9,9 mil reais.
Fonte : Valor Econômico
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